sábado, 3 de abril de 2010

Malhação do Judas



Malhação do Judas. Quem lembra?

Como em outras cidades brasileiras, tradição vai diminuindo a cada ano

Costume trazido pelos portugueses e espanhóis para toda a América Latina, a malhação do Judas no sábado de Aleluia aos poucos vai desaparecendo das grandes cidades, restringindo-se cada vez mais ao interior do Brasil. Mesmo cada vez mais restrito, o costume continua sendo seguido em Santos, como registrou o jornal santista A Tribuna em 14 de abril de 1990, um sábado de Aleluia, no caderno AT Especial:

Malhar o Judas
Tradição folclórica que exterioriza emoções

Ivanir Fernandes Xavier

Hoje é dia de malhar Judas. Seja na forma de um político - Lula, Kassab e seu plano econômico não vão sair ilesos -, de um dirigente, da fofoqueira do bairro ou qualquer pessoa que incomode, os bonecos vão subir aos mastros dos postes e, ao meio-dia, serão malhados a pauladas, explodidos, queimados, atropelados, enfim, eliminados. Como bodes expiatórios, é neles que o povo vai extravasando a sua insatisfação com a situação reinante.

No começo, o boneco representava a figura do Judas Iscariotes; aos poucos, outras personagens foram substituindo o traidor de Cristo, numa manifestação folclórica tradicional, da qual participa toda a comunidade, do avô ao neto. Em Santos, essa tradição impera em todos os bairros, indo da zona mais pobre à da classe mais privilegiada, como Gonzaga e Boqueirão. Os nossos judas aparecem em postes, amarrados em carros, deitados nas ruas e, em muitos casos, deixam até testamentos. Além disso, às vezes, o ato da malhação é realizado ao som de músicas especialmente compostas para a ocasião.

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